quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Leis para as Leis

Por Ana Laura M. Sanchez


Viver em sociedade é uma tarefa aparententemente fácil. Falar bom dia a seu vizinho, pedir informação na rua, parar no farol vermelho, dar preferência aos idosos na fila, ter bom relacionamento em casa e no trabalho. O meio social nos determina o que podemos e não podemos fazer, de acordo com as leis vigentes a cada País. No dia a dia, atravessamos na faixa de pedestre, andamos no limite de velocidade permitido, somos assaltados e não podemos reagir, não podemos andar pelados (nem deveríamos), não podemos furtar ou matar sem ser penalizado (pelo menos era pra ser assim), não devemos beber e dirigir (pelo menos era pra ser assim), não devemos gritar na frente de hospitais, ouvir som acima de não-sei-quantos decíbéis, ir no cinema sem pagar. Nós pagamos impostos, e parte dele vai para os presídios que comportam pessoas que tem habilidades como matar, estuprar, roubar, traficar, sequestrar e, claro queimar colchões (não se preocupe! No outro dia tudo é reposto). Todos temos direito ao ensino: as escolas públicas dão ensino básico, impossibilitando o aluno de conseguir prestar uma faculdade pública, a não ser que reforce o estudo com cursinhos preparatórios ($). Quem puder pagar mais, estuda escolas particulares, e depois em faculdades públicas, e depois abrem escritórios ou clínicas particulares, encerrando  ciclo, com contribuição de 0% ao Sistema Público de Saúde (é esse o agradecimento dado ao presente que o governo dá). Enfim, temos regras (leis) para que seja mantida a ordem na sociedade. Porém, muitas vezes, essas e outras atitudes, fogem do controle. Seu vizinho passa a ter inveja do seu carro, e planeja um sequestro a sua família (pois carro novo é sinonimo de dinheiro: ninguém qer saber qual seu suor nisso). Pessoas alcoolizadas passam no farol vermelho, causando acidente a  inocentes, outras reagem aos assaltos e na grande maioria, morrem.  Essas situações corriqueiras nos refletem a falta de valores que se perderam ao longo dos anos. Fiquei muito chocada com um caso em especial, marcante, que ocorreu no início do ano, e está ainda no site do G1. Expressado no blog de Geneton M. Netto, que admiro por ter a fórmula ideal de jornalismo. Segue o caso, que dispensa meus humildes comentários. Analise, e entenda se não faz sentido meu post descrito acima.


UM ESTUDANTE CHAMADO ALCIDES DO NASCIMENTO LINS, UMA EX-CATADORA DE LIXO CHAMADA MARIA LUIZA – E A ENORME, A INDESCRITÍVEL, A MONSTRUOSA VERGONHA DE SER BRASILEIRO.


A TV é imbatível na arte de produzir lembranças marcantes. Uma imagem aparentemente banal pode ficar anos gravada nas nossos retinas fatigadas. Um exemplo: a alegria sinceríssima de uma ex-catadora de lixo chamada Maria Luiza ao receber a notícia de que o filho tinha sido aprovado no vestibular de Biomedicina da Universidade Federal de Pernambuco.

Detalhe: criado com as dificuldades imagináveis, o filho tinha tirado o primeiro lugar entre os alunos de escolas públicas aprovados no vestibular. A imagem da vibração da mãe tinha sido captada quase que casualmente pelo cinegrafista Marconi Pryston, durante a gravação de uma reportagem sobre o vestibular para o telejornal local da TV Globo Recife. A alegria da mãe ganhou repercussão nacional ao ser exibida no Fantástico, numa série conduzida por Zeca Camargo. Era comovente. O tema da reportagem era a felicidade. Em seguida, o exemplo do estudante ganhou espaço no Globo Repórter.

O filho de D. Maria Luiza iria se formar este ano. Mas foi assassinado a tiros, na porta de casa, no bairro da Torre, no Recife. Os dois assassinos procuravam por outro homem. Não o encontraram. Abordaram Alcides – que morava numa casa vizinha -, em busca de notícias. Como Alcides disse que não sabia onde estava o “alvo”, foi morto com dois tiros na cabeça, à queima-roupa. Execução sumária. Não há outra palavra para definir os autores do crime: são animais. Ponto.
Faltará alguém na festa de formatura da turma de biomedicina da Universdiade Federal de Pernambuco. A ex-catadora de lixo disse às tvs: “Minha vida acabou”.

O Brasil tem uma dívida enorme, indescritível, imensurável com Alcides do Nascimento Lins e com esta mulher. A dívida com Alcides jamais poderá ser paga. Uma vida foi desperdiçada em troca de quê ? De nada. Há qualquer coisa de terrivelmente errado num país que premia com dois balaços o filho de uma ex-catadora de lixo que, a despeito de tudo, chega à universidade na condição de primeiro lugar entre alunos de escola pública. Tinha vinte e dois anos de idade. Vinte e dois!

Neste momento, só há um sentimento possível : a enorme, a indescritível, a imensurável, a monstruosa vergonha de ser brasileiro.

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Estamos neste mundo de espiação e provas, e sendo a atual condição da Terra, o mal predomina. Essa é a razão por que neste planeta o homem vive a braços com tantas misérias, temos espíritos pobres, fúteis, revoltados e malígnos em meio a sociedade. Porém todos nós estamos em constante evolução, um dia a Terra sairá do estágio de expiação e provas e passará para a condição de mundo de regeneração, porquanto este globo está, como tudo na Natureza, submetido à lei do progresso. A Terra progride, assim, material e moralmente.


FEB- Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita
tema no 29
 
Vamos seguir em frente, com Fé sempre. É o que nos resta.
 
 
Beijo na Ponta do Nariz,
 
Ana Laura M. Sanchez

Um comentário:

  1. A Terra progride? Pergunto-me se progride ou regride. Enquanto temos tecnologia de ponta para tratar o câncer, não conseguimos tratar nosso vizinho com a decência que ele merece de nós. Progressão? Não. Mudança, transformação, sim e nem sempre para bem.
    Quando vemos uma situação como a descrita acima, Ana Laura, sentimos não só a vergonha imensurável de sermos brasileiros, mas uma vergonha ainda maior, que Geneton não descreveu, mas creio que sentiu: sentimos a vergonha de sermos demasiado humanos para um mundo que foi se transformando de acordo com nossa vontade. A soberania de nossa raça nos faz perder o respeito pelo mais fraco. A superioridade do ser humano diante do mundo é marcada pelo desrespeito à natureza e às leis naturais. Decidimos que valemos mais que a própria vida e a tiramos de outra pessoa. Que valor pode haver nisso? Que progresso? Curemos o câncer, então, mas não esqueçamos as mazelas mais tristes de nossa sociedade. Devemos desculpas todos os dias para mulheres como dona Maria Luiza. Não só desculpas para uma delas, mas devemos uma transformação de valores, uma recuperação de esperanças para estas mães de filhos perdidos, mortos por balaços, cervejas, carros desgovernados, presos em febéns, despreparados pela escola pública, desrespeitados pelo sistema, párias, pobres, negros, coitados, como são (somos?) rotulados por uma sociedade hipócrita e marcada pelo egoísmo exagerado, vazia de significados, tôrpe e perdida, em busca dos próprios prazeres, da satisfação que não é real, do ser superior ao outro pelo prazer de o pisar.
    Chega de Gaza, Kosovo e guerras vazias, chega de novos arianos e novos nazistas. Chega de corrupção.

    Desculpe o desabafo, mas o texto acima nos impõe isso...

    UBNSB, P

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