sábado, 23 de abril de 2011

Você e seu Eu

para refletir...
A idéia é simples e óbvia: você vive no presente, e aqui programa pelo menos parcialmente o seu futuro. Muita gente se esquece de samear, envolvida que fica pelo calor da batalha do dia-a-dia. Ou fica esperando as boas oportunidades para semear coisas grandes, mas o tempo vai passando e nem as sementes pequenas são lançadas. É um erro. De certa forma o futuro será um resultado do somatório da história individual, principalmente daqueles feitos, pequenos ou grandes, que têm futuridade, isto é, desdobram em resultados futuros.

Primeiro, faça uma análise de como você tem alocado o seu tempo hoje. Muito presente e pouco futuro? Então, tome alguma providência para mudar isso. Segundo, adquira o hábito de pensar diariamente, quando fizer sua agenda do dia, em termos de presente e futuro. Ponha alguma atividade boa para o seu futuro em cada dia. Pode ser um simples telefonema de manutenção de uma boa relação, pode ser a busca de uma informação-chave…enfim, você é que dirá o que é bom ou não para o seu próprio futuro. O importante é não esquecer dele.

até mais !

Ana Laura

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Definitivo


por Ana Laura Sanchez

Este ano está trazendo mudanças grandes na vida de todos a meu redor: amigAs, amigOs, família, e inclusive na minha. A mudança é algo bom, pois nos permite vislumbrar o melhor para cada um de nós. Alguns casamentos, alguns nascimentos, alguns rompimentos, algumas mudanças de emprego, de cidade. Mas no geral, todos felizes, isso é bom demais, pois todos tem saúde e estão no processo de transição para algo melhor pra si. Esses dias, fui na minha amiga na saída do serviço, cheguei na casa dela e conversamos por 3 horas, porém, não larguei o not (fazendo planilhas e relatórios) enquanto ela me contava as novidades, casa nova, etc.
Isso vai se tornando normal? Deveria? Se não fosse assim, eu não conseguiria ter ido ve-la, pois a falta de tempo impede. Achei uma forma boa de lidar com essa correria sem abrir mão de ver pessoas queridas (espero que ela não tenha se importado, pois demos risada, fofocamos, e foi uma boa matar saudade, mas sem desgrudar do not... arg) o dia acaba e nem se deram conta. A falta de tempo, de amor, de detalhes, de humor, de fé estão consumindo as pessoas. E depende de cada um de nós aprendermos a lidar com isso.
Quem é você? Qual seu papel no mundo? O que você quer da vida? O que você faz de bom para que gostem de você? Reserve um tempo pra se dedicar a vida. Não recuse um convite para tomar um sorvete, ver um filme, fazer sessão pipoca, de andar de bike, fazer uma caminhada. Pessoas queridas nos querem bem, e não esqueça que as pessoas que queremos bem também sentem nossa falta. Pense nisso.


Definitivo

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...


Carlos Drumond de Andrade

sábado, 9 de abril de 2011

Se tornando invisível..

"TESE DE MESTRADO NA USP, por um PSICÓLOGO"


'Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível' Psicólogo varreu as ruas da USP para concluir sua tese de mestrado da'invisibilidade pública'. Ele comprovou que, em geral, as pessoasenxergam apenas a função social do outro. Quem não está bem posicionadosob esse critério, vira mera sombra social.


Plínio Delphino, Diário de São Paulo.


O psicólogo social Fernando Braga da Costa vestiu uniforme e trabalhou oito anos como gari, varrendo ruas da Universidade de São Paulo.. Ali,constatou que, ao olhar da maioria, os trabalhadores braçais são 'seresinvisíveis, sem nome'. Em sua tese de mestrado, pela USP, conseguiucomprovar a existência da 'invisibilidade pública', ou seja, umapercepção humana totalmente prejudicada e condicionada à divisãosocial do trabalho, onde enxerga-se somente a função e não a pessoa.Braga trabalhava apenas meio período como gari, não recebia o salário deR$ 400 como os colegas de vassoura, mas garante que teve a maior liçãode sua vida:


'Descobri que um simples bom dia, que nunca recebi como gari, podesignificar um sopro de vida, um sinal da própria existência', explica opesquisador.


O psicólogo sentiu na pele o que é ser tratado como um objeto e nãocomo um ser humano. 'Professores que me abraçavam nos corredores da USPpassavam por mim, não me reconheciam por causa do uniforme. Às vezes,esbarravam no meu ombro e, sem ao menos pedir desculpas, seguiam meignorando, como se tivessem encostado em um poste, ou em um orelhão',diz.No primeiro dia de trabalho paramos pro café. Eles colocaram uma garrafa térmica sobre uma plataforma de concreto. Só que não tinhacaneca. Havia um clima estranho no ar, eu era um sujeito vindo de outraclasse, varrendo rua com eles. Os garis mal conversavam comigo, algunsse aproximavam para ensinar o serviço. Um deles foi até o latão de lixopegou duas latinhas de refrigerante cortou as latinhas pela metade eserviu o café ali, na latinha suja e grudenta. E como a gente estava numgrupo grande, esperei que eles se servissem primeiro. Eu nunca aprecieio sabor do café. Mas, intuitivamente, senti que deveria tomá-lo, eclaro, não livre de sensações ruins. Afinal, o cara tirou as latinhas derefrigerante de dentro de uma lixeira, que tem sujeira, tem formiga, tembarata, tem de tudo. No momento em que empunhei a caneca improvisada,parece que todo mundo parou para assistir à cena, como se perguntasse:'E aí, o jovem rico vai se sujeitar a beber nessa caneca?' E eu bebi.Imediatamente a ansiedade parece que evaporou. Eles passaram a conversarcomigo, a contar piada, brincar.


O que você sentiu na pele, trabalhando como gari?Uma vez, um dos garis me convidou pra almoçar no bandejão central. Aíeu entrei no Instituto de Psicologia para pegar dinheiro, passei peloandar térreo, subi escada, passei pelo segundo andar, passei nabiblioteca, desci a escada, passei em frente ao centro acadêmico, passeiem frente a lanchonete, tinha muita gente conhecida. Eu fiz todo essetrajeto e ninguém em absoluto me viu.. Eu tive uma sensação muito ruim. Omeu corpo tremia como se eu não o dominasse, uma angustia, e a tampa dacabeça era como se ardesse, como se eu tivesse sido sugado. Fui almoçar,não senti o gosto da comida e voltei para o trabalho atordoado.


E depois de oito anos trabalhando como gari? Isso mudou?Fui me habituando a isso, assim como eles vão se habituando também asituações pouco saudáveis. Então, quando eu via um professor seaproximando - professor meu - até parava de varrer, porque ele ia passarpor mim, podia trocar uma idéia, mas o pessoal passava como se tivessepassando por um poste, uma árvore, um orelhão.


E quando você volta para casa, para seu mundo real?Eu choro. É muito triste, porque, a partir do instante em que você estáinserido nessa condição psicossocial, não se esquece jamais. Acreditoque essa experiência me deixou curado da minha doença burguesa. Esseshomens hoje são meus amigos. Conheço a família deles, freqüento a casadeles nas periferias. Mudei. Nunca deixo de cumprimentar um trabalhador.Faço questão de o trabalhador saber que eu sei que ele existe. Eles sãotratados pior do que um animal doméstico, que sempre é chamado pelonome. São tratados como se fossem uma 'COISA'
 
Lamentável? Pois é, a sociedade se torna cada vez mais individualista. Hoje, ao entrar em um elevador com mais 4 pessoas dentro, todos sobem até o próximo andar olhando pro chão, ou pro cinza da porta metálica, mas menos dar um sorriso, ou um bom dia ao outro. A MUDANÇA COMEÇA EM CADA UM DE NÓS.
 
Para o mal perdurar, basta o bem não agir.
 
Beijos,
 
Ana Laura M. Sanchez