quarta-feira, 20 de abril de 2011

Definitivo


por Ana Laura Sanchez

Este ano está trazendo mudanças grandes na vida de todos a meu redor: amigAs, amigOs, família, e inclusive na minha. A mudança é algo bom, pois nos permite vislumbrar o melhor para cada um de nós. Alguns casamentos, alguns nascimentos, alguns rompimentos, algumas mudanças de emprego, de cidade. Mas no geral, todos felizes, isso é bom demais, pois todos tem saúde e estão no processo de transição para algo melhor pra si. Esses dias, fui na minha amiga na saída do serviço, cheguei na casa dela e conversamos por 3 horas, porém, não larguei o not (fazendo planilhas e relatórios) enquanto ela me contava as novidades, casa nova, etc.
Isso vai se tornando normal? Deveria? Se não fosse assim, eu não conseguiria ter ido ve-la, pois a falta de tempo impede. Achei uma forma boa de lidar com essa correria sem abrir mão de ver pessoas queridas (espero que ela não tenha se importado, pois demos risada, fofocamos, e foi uma boa matar saudade, mas sem desgrudar do not... arg) o dia acaba e nem se deram conta. A falta de tempo, de amor, de detalhes, de humor, de fé estão consumindo as pessoas. E depende de cada um de nós aprendermos a lidar com isso.
Quem é você? Qual seu papel no mundo? O que você quer da vida? O que você faz de bom para que gostem de você? Reserve um tempo pra se dedicar a vida. Não recuse um convite para tomar um sorvete, ver um filme, fazer sessão pipoca, de andar de bike, fazer uma caminhada. Pessoas queridas nos querem bem, e não esqueça que as pessoas que queremos bem também sentem nossa falta. Pense nisso.


Definitivo

Definitivo, como tudo o que é simples.
Nossa dor não advém das coisas vividas,
mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.

Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos
o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções
irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado
do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter
tido junto e não tivemos,por todos os shows e livros e silêncios que
gostaríamos de ter compartilhado,
e não compartilhamos.
Por todos os beijos cancelados, pela eternidade.

Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas
as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um
amigo, para nadar, para namorar.

Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os
momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas
angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.

Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada.

Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo
confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam,
todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.

Por que sofremos tanto por amor?
O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma
pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez
companhia por um tempo razoável,um tempo feliz.

Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um
verso:

Se iludindo menos e vivendo mais!!!
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos,
na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do
sofrimento,perdemos também a felicidade.

A dor é inevitável.
O sofrimento é opcional...


Carlos Drumond de Andrade

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