segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Mentiras sinceras

Quando eu era criança, um dos assuntos que mais gerava mentiras no meio infantil era, sem dúvida, o vídeo-game. Eu e meus irmãos jogávamos Atari, e me lembro que um coleguinha do meu irmão que sempre ia em casa jogar o pac-man, disse um dia que conseguiu comer tudo no labirinto em um tempo tão rápido, que apareceu na tela um bônus de + 1 pac-man, ou seja, na outra partida ele jogou com 2 pac-man´s no labirinto, e o pior que fiquei com a incógnita: como ele controlava sozinho os dois ? Mas, não passava de uma mentira deslavada.
Anos depois, chegou Mega drive. Quantos cartuchos eu assoprei pra poder funcionar? Perdi a conta. O Sonic era meu predileto. Na escola, eu comentava que adorava os jogos do Mega, e um coleguinha se engrandecer, disse ter mais de 400 jogos, e quando alguém dizia a ele: " Você tem o Street Fighter?!" ele dizia: " tenho todos, o 1,2,3 e o 4". E quando alguém pedia, ele dizia: " Meu tio que me deu, e ele não deixa emprestar". Como assim? Mas se ele deu a fita ela é sua! Ele não tem mais nada a ver com isso! Ou estou errada ? Bom, anos depois, descobrimos que nem Mega drive ele tinha, o tio dele trabalhava em uma locadora de jogos de vídeo game, e lá, ele passou a conhecer vários jogos... é, se fosse verdade que mentir faz nariz crescer, esse aí iria pro Guiness.
Porém, pior do que inventar mentiras para impressionar os coleguinhas, era o contrário: um amiguinho era filho da dona da bomboniere que ficava ao lado da minha escola, na Vl. Jaguara. Sempre quando íamos a bomboniere, víamos ele passando rapidinho por trás do balcão, e dizia a nós que era sobrinho, e que só ajudava seus tios lá, que nunca comia nem um docinho. Mas todo recreio, ele sentava no canto, e levava cada dia algo diferente: salgadinho, chocolate, suco, toddy, esfiha, kibe, guaraná, mini pizza. No fundo, eu sabia que a culpa era dos pais, que fizeram lavagem cerebral para que ele não fizesse fiado e nem desse nada do comércio aos coleguinhas. Crueldade, né ? Mas essa mentira sincera das crianças, são engraçadas, sem maldade. Só querem se engrandecer na sociedade, desde que as mentiras não perdurem para a fase adulta, está tudo certo.


Beijo na ponta do Nariz,

Ana Laura M. Sanchez

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