terça-feira, 10 de agosto de 2010

Era Uma Vez... parte I

...Uma família unida, com pais separados. Sim, unida pois apesar dos pais serem separados, viviam no mesmo teto, com a avó e com os três filhos: Uma menina de 1 mês, um menino de 3 anos e outro de 6 anos. A avó materna usava óculos, andava devagarzinho pela casa por conta de seus quilos a mais, cuidava das três crianças, e era muito dócil. A mãe, assistente social, muito esforçada e batalhadora, amorosa, lutou a vida toda para se realizar, conquistar seus sonhos e dedicada a passar bons valores a seus filhos. O pai, mecânico, tinha grande capacidade de desenvolver idéias, bem humorado, amava os filhos, e não vivia em função de sonhos, realizações, vivia o hoje.
Os dois meninos, eram bastante sapecas (bastante no sentido de muito, muito mesmo). Certo dia, na ausência dos pais, pegaram um passarinho morto, que estava na calçada, e foram até o corredor da casa deles. De lá, o atiraram na janela da vizinha, e ali ficou: em cima da cama toda arrumadinha da vizinha, o passarinho estribuchado. No outro dia, as orelhas da minha mãe estavam vermelhas pelas reclamações. Em outra ocasião, também na ausência dos pais (não eram bobos), a duplinha observava o funcionário da Telesp (hoje, Telefonica) fazendo anotações sentado no carro, em frente a casa deles, e por ironia do destino, o vidro do veículo encontrava-se aberto. Sem pensar 2 vezes, ligaram a mangueira e esguicharam água pra dentro do carro! Correram pra dentro dos quartos e a irmã, já com seus 6 anos, foi atender a campanhia, o homem furioso e todo molhado, resmungou mas não teve coragem de fazer nada. Ainda falando em casos engraçados, certa noite, sairam o pai, a mãe, com os meninos, ficando em casa a filha pequena com a avó. Ela observava que todos haviam saído, sem dizer para onde ir, porém ouviu uma conversa antes de saírem, e depois ouviu uma outra história contada a vovó, para que ela não se preocupasse, disseram que iam ao hospital, ver o primo doente. A avó, sentada na cama em seu quarto, com um terço na mão, parecia aflita. A menina, sentada em silêncio ao lado, disse inocentemente, a cutucando com o dedinho: "Vó, não precisa rezar, não. Ele já morreu, estão no velório agora". Que sutil, não?!
Os filhos foram crescendo, a vovó adoecendo. A menina, muito apegada, queria ficar sempre por perto, cuidando, conversando, a fazendo sorrir. Um dia, já na cama, a vovó, em condições vegetativas, ficou a olhando, e sorriu quando a garotinha, agora com 9 anos, deu 100 beijinhos por todo o rosto da vovó, esses beijinhos e aquele sorriso foi inesquecível para as duas. A vovó partiu, e uma parte do coração da família foi tirado, porém, o amor supera todas as dores, pois sabiam que ela estava em paz, e querendo ser lembrada pela alegria que trouxe e pelo bons momentos nessa vida...
Continua....
Ana Laura M. Sanchez

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