terça-feira, 1 de junho de 2010

Festa Junina ...

Chegamos em Junho ! Adoro este mês. Significa que estamos em época comemorativa de nossa cultura: Festa Junina ! Desde pequena, essas festas me traziam muita alegria. O friozinho, o quentão, a maçã do amor, a pipoca, os ensaios da quadrilha, roupinhas enfeitadas, bandeirinhas... o ar era diferente! No meu caso que nasci em meio a maior metrópole da américa latina, me sentia uma mocinha do interior, não uma paulista.
Aos 7 anos, eu frequentava a 1º série, em uma escola na Vila Jaguara. Eu sempre adorei aquela escola, era tão grande, cheia de "esconderijos", escadas, quadras, enfim, dava pra brincar bastante. Foi lá, minha primeira dança de quadrilha.

Estes ensaios estão ligados em minha mente assim como o peixe está pela água.
No primeiro ensaio, cada um escolheu seu par, eu morria de vergonha de tudo e de todos, sendo assim, fiquei totalmente-muda-e-paralisada nesta escolha, no canto da quadra. Nisso, foram formados os parzinhos, menininhos com menininhas, como tem que ser. Sobraram 3 menininhas, comigo eram 4. Obviamente que a professora decidiu fazer 2 pares de menininhas, pra minha profunda tristeza! Como criança, eu não tinha poder de decisão e de protestar nada naquela hora, então decidi deixar estar.

Fui para casa, contei a minha mãe do desastre de não ter tido um parzinho, e ela para me consolar disse: -" Filha, isso é só um ensaio ! Claro que você não vai dançar com menina ! "
Isso me tranquilizou mais, e o próximo ensaio chegou. A Kely, minha companheira estava feliz em dançar no ensaio comigo, ela aceitava de boa a posição de ser menino durante a dança. Na hora da cobra, em que tinha que me segurar no colo, na hora em que o menino se ajoelha para tirar o chapéu, e assim foi. O tempo foi passando, e nada da professora colocar um menino no lugar da Kely. Chegou a semana de apresentação, últimos ensaios ! Que alegria [angustiante ] que eu estava... até que a sacana da Kely, no penúltimo ensaio me diz:
- " Eu fui menino nos ensaios, mas no dia da dança você que vai ser menino."
- " Heeei, como assim? Eu não vou ser o menino!"
- " Vai sim, e se não quiser, o Rodrigo disse que dança comigo, ou você dança de menino ou fica fora da quadrilha."
- " Grrrrrrr ! Te odeio Kely !"

Ela foi tão maquiavélica nessa atitude, me entristeceu tanto, pois quando criança quer ser ruim, você já descobre de cara, e ela não, ela foi fria e calculista por longos 2 meses. Que infortúnio! Enfim, triste e choramingando, fui com minha mãe comprar o vestidinho, porque mesmo de homem, eu não iria querer colocar calças e bigode. Chegando na loja, que ficava ali na vila onde eu morava, uma senhora de lentes grossas e cabelo curtinho loiro nos atendeu, mostrou os vestidos, e minha mãe perguntou do chapéu de trancinha, ela sorriu, e disse baixinho à minha mãe:
-" Mas se ela vai ser homem na quadrilha, já está trajada com vestido, o chapéu não seria melhor sem trancinha? Tem que ficar menos feminina... "
- "GGggrrrr hhhmfff.... Maaanhêê vamos emboraa .... mmm buuááá !"
Sai chorando da loja, fomos pra casa. Eu vi pendurada na sacola que minha mãe carregava, uma trancinha. Adivinhe? Sim, mãe é mãe. Ela comprou o chapéu de trancinha e meu vestidinho
Passei a ir cabisbaixa às aulas, e faltando poucos dias para apresentação, a diretora entrou na sala de aula, dizendo:
-"Pessoal da Quadrilha, último ensaio! Aguardo vocês na quadra em 15 minutos!"

Eu nem me mexi. Todos eufóricos, correram para quadra e a professora estranhou minha presença na sala, mas preferiu não me incomodar, estava escrito na minha testa, em letras garrafais: " Não se aproxime ". Eu estava disposta a faltar no dia da festa, mas minha mãe claro que não deixou (ainda bem!).
Chegou o grande dia. Eu emburrada, visivelmente baixo astral, mas ali presente na festa Junina com meu vestido laranja de florzinha e meu chapeu de trancinha, ahhh como eu goste dele, me devolveu minha feminilidade que a senhora da lojinha havia me tomado. Bom, fui nas barracas, comi algodão doce, mas estava com o estômago revirado e revoltada: Era muito querer ser menina na dança? Mas, desde então, passei a enxergar que NA VIDA, NADA É POR ACASO. Foram anunciando para quem iria dançar quadrilha, se aproximar da quadra, de longe avistei a Kely, toda sorridente e feminina em seu vestidinho. Eu me aproximei e a diretora disse:
-" Vocês duas... estão de vestido! Não podem dançar juntas!"- E,a kely retrucou:
-" Ela tá de vestido, mas é homem! "
-" Eu sei Kely, porém as meninas que eram homem no ensaio, tinham que vir trajadas de homem. Tem outras coleguinhas de vocês que faltaram, então, você fique aqui, e Ana Laura, vem comigo."

Nem preciso descrever a cara de ódio da Kely, né? A diretora me colocou na fila, em meio aos casais formados, e lá estava eu, ao lado dele, sozinho... RODRIGO! Irônico não? Eu não achava nada demais nesse menino. Aliás em nenhum menino, eu queria somente dançar como um casal, e na minha vida real, continuar a brincar com minhas bonecas, bambolês, & cia. O Rodrigo era um menino nerd, mas bacana (não que os nerds não sejam bacanas, quer dizer, bom, deixa pra lá) tropeçou várias vezes, mas deu tudo certo! Tudo foi uma lição, de nada adiantou a ação calculista da Kely, pois voltou contra ela mesma, que terminou dançando com um menino de 6 anos (um quebra-galho que nem havia ensaiado).
Por fim, demos boas gargalhadas com essa história: Eu, a Kely e o Rodrigo anos e anos após essa Grande Quadrilha.


Desta história cômica e verídica, aprendi:

  1. Que nada é por acaso. Tenha fé e acredite sempre.
  2. Não adianta você realizar planos malígnos, pois quem te condena é sua consciência.
  3. Nunca desista de seus sonhos. Não devemos agir de má fé com o próximo.
  4. Somos humanos, erramos, mas devemos analisar porque erramos.
  5. Não devemos ter obscuro nosso lado bom, e sim fazer o bem, desejar para os outros o que queríamos a nós.
    Que cada pessoa que passa por nós deixa um pouco de si, e leva um pouco de nós. Seja um bom exemplo, para sua própria elevação espiritual e para transmitir o bem.



Curtam o Arraiá que a festa vai começá, sô !

Ana Laura M. Sanchez

3 comentários:

  1. KKKKKKKK Boa Ana!

    E eu lembrei da minha infância, fiz xixi nas calças de vergonha de me apresentar pra toda escola na quadrilha... eita velha infância!!

    Dezo

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  2. hehehehehe....

    A minha primeira quadrilha foi em uma escolinha. Tenho fotos. Dancei com uma moreninha de olhos cor de mel, uma belezura, como diria o Chico Bento...

    Agora, "Nerd, mas bacana"? eu te rogo uma praga: vai casar com um nerd. huahuahuahua!!!!!

    Beijo na ponta do nariz, infortúnio...

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  3. Nada como a inocência de nossas infâncias.
    Sucesso com o Blog !

    abç

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