quarta-feira, 12 de maio de 2010

PAULO LEMINSKI



Eu estava Leminskiando esta semana, e ousei escrever em homenagem à Paulo Leminski, considerado um dos maiores poetas brasileiros, que conseguiu (em uma encarnação..uuauuu) ser: escritor, poeta, tradutor e professor brasileiro, e até faixa-preta em judô.

Leminski sempre chamou a atenção por sua intelectualidade, cultura e genialidade.
Estava sempre à beira de uma explosão e assim produziu muito. É dono de uma extensa e relevante obra. Desde muito cedo, Leminski inventou um jeito próprio de escrever poesia, preferindo poemas breves, muitas vezes fazendo haicais, trocadilhos, ou brincando com ditados populares. Nasceu em 1944, e nos deixou em 1989.


Abaixo, relembro alguns de seus breves e intrigantes poemas, que de tão sutis, me causam bem estar e me tiram sorrisos...






P A U L O L E M I N S K I


Não discuto

com o destino;

O que pintar,


eu assino.



Amor, então,também, acaba?

Não, que eu saiba.


O que eu sei


é que se transforma


numa matéria-prima


que a vida se encarrega

de transformar em raiva;


Ou em rima.



Bom dia, poetas velhos.

Me deixem na boca

o gosto dos versos

mais fortes que não farei.


Dia vai vir que os saiba

tão bem que vos cite


como quem tê-los


um tanto feito também,

acredite.




Nunca cometo o mesmo erro

duas vezes

já cometo duas, três,quatro, cinco, seis

até esse erro aprender

que só o erro tem vez.



Essa minha secura

Essa falta de sentimento

não tem ninguém que segure,vem de dentro.


Vem da zona escura

donde vem o que sinto.

Sinto muito,

sentir é muito lento.



Ontens e hojes, amores e ódio,


adianta consultar o relógio?


Nada poderia ter sido feito,


a não ser o tempo em que foi lógico.


Ninguém nunca chegou atrasado.


Bençãos e desgraças vem sempre no horário.


Tudo o mais é plágio.


Acaso é este encontroentre tempo e espaço


mais do que um sonho que eu conto


ou mais um poema que faço?


Meu cantinho.

Como é bom Leminskiar,
Nada além de copo e bar
Parar para pensar;
Que de nada adianta prosiar,
Com quem não pode captar
O extremo, o bem querer,
O saber, o viver, O ser.

Quando ver,
Já foi.

Ana L. sanchez